Viagem ao Infinito
por Vovó Hilda
Prólogo
Os sonhos são sementes plantadas no jardim da nossa imaginação. Alguns permanecem dormentes para sempre, esperando a chuva que nunca chega. Outros germinam lentamente, crescendo com paciência até se tornarem árvores fortes que dão frutos maravilhosos. E alguns poucos—os mais especiais—florescem com tal intensidade que transformam não apenas quem sonha, mas o mundo inteiro.
Esta é a história de dois irmãos que sonharam em tocar as estrelas. Não apenas uma vez, mas todas as noites em seus corações despertos, e uma noite especial, juntos, de uma maneira que desafiaria toda explicação. É um conto sobre a conexão misteriosa entre gêmeos, sobre o poder da imaginação, e sobre como os maiores sonhos começam com curiosidade simples e crescem através do estudo dedicado e do trabalho constante.
Mais do que tudo, é um lembrete de que o universo é vasto e infinito, mas não maior que os sonhos de uma criança determinada. Que as estrelas que vemos brilhar no céu noturno não estão tão longe quanto parecem quando temos a coragem de alcançá-las. E que às vezes, as viagens mais extraordinárias começam no lugar mais ordinário de todos: na quietude do nosso próprio quarto, com os olhos fechados, sonhando com o impossível até que se torne inevitável.
Os Irmãos das Estrelas
Em uma cidade pequena onde as casas se apertavam umas contra as outras em ruas estreitas e os dias começavam cedo com o som de trabalhadores a caminho de seus trabalhos, vivia uma família que, embora humilde em posses, era rica em amor e aspirações.
O pai, um homem de mãos calejadas e costas fortes, trabalhava na construção. Toda manhã ele saía quando o sol apenas começava a pintar o horizonte de cores rosadas, retornando somente quando as sombras se alongavam e o dia se preparava para dormir. Mas por mais cansado que estivesse, sempre tinha energia para seus filhos—para ouvir suas histórias, revisar suas tarefas, e se maravilhar com sua curiosidade insaciável.
A mãe era costureira, trabalhando de casa em uma máquina antiga que havia herdado de sua própria mãe. O som rítmico da máquina era a trilha sonora da casa—um lembrete constante do trabalho honesto e da dedicação. Entre costuras, preparava refeições simples mas nutritivas, mantinha a casa arrumada apesar de seu tamanho reduzido, e encontrava tempo para nutrir as mentes de seus filhos com histórias e perguntas que os faziam pensar.
E depois estavam os gêmeos.
Mateo e Lucas, de onze anos, eram idênticos em aparência mas complementares em personalidade. Mateo, nascido primeiro por apenas três minutos, era o mais extrovertido—aquele que fazia perguntas em voz alta na aula, aquele que levantava a mão primeiro, aquele que compartilhava cada pensamento que cruzava sua mente ativa. Lucas era mais contemplativo, preferindo observar e processar antes de falar. Mas quando falava, suas palavras eram medidas e profundas, revelando uma compreensão que frequentemente surpreendia os adultos.
Mas em uma coisa eram absolutamente idênticos: sua fascinação com o espaço.
Não era um interesse passageiro ou uma fase temporária. Era uma paixão que ardia constantemente, alimentada por cada livro que liam, cada documentário que assistiam, cada foto do cosmos que podiam encontrar. Suas paredes estavam cobertas com pôsteres do sistema solar recortados de revistas velhas que haviam encontrado na biblioteca. Tinham cadernos cheios de desenhos de planetas, foguetes, constelações—alguns copiados de livros, outros imaginados de suas próprias mentes criativas.
Todo sábado, sem falta, caminhavam juntos os oito quarteirões até a biblioteca municipal. Era um prédio modesto, menor que muitas casas, com estantes que rangiam sob o peso de livros doados ao longo de décadas. Mas para Mateo e Lucas, era um palácio de conhecimento, um portal para mundos infinitos.
A bibliotecária, a senhora Sofía, uma mulher mais velha de cabelo prateado e sorriso perpétuo, os esperava toda semana com livros novos que havia separado especialmente para eles.
“Olhem o que encontrei,” dizia, segurando um livro gasto sobre astronomia ou um atlas estelar com páginas amareladas. “Pensei que vocês poderiam gostar.”
E eles gostavam. Sentavam-se no canto da biblioteca por horas, ombro a ombro, compartilhando o mesmo livro, apontando descobertas fascinantes um para o outro, sussurrando para não incomodar outros leitores mas incapazes de conter completamente sua emoção.
Na escola, seus professores os conheciam bem. Não apenas porque eram gêmeos—algo bastante memorável por si só—mas porque seu entusiasmo por aprender era contagioso e seu conhecimento sobre certos assuntos superava em muito o esperado para sua idade.
O professor Rodríguez, seu professor de ciências, frequentemente os convidava a compartilhar o que haviam aprendido com o resto da classe.
“Mateo, Lucas, por que não nos contam o que descobriram esta semana na biblioteca?”
E eles se levantavam, um pouco tímidos mas claramente empolgados, e falavam sobre os anéis de Saturno ou a Grande Mancha Vermelha de Júpiter ou a distância entre a Terra e as estrelas mais próximas. Falavam com tal clareza e paixão que até os colegas que normalmente achavam a ciência entediante se inclinavam para frente, cativados.
“Um dia,” Mateo havia dito uma vez no final de uma dessas apresentações, “queremos ser astronautas. Queremos viajar ao espaço e ver esses planetas com nossos próprios olhos.”
“E cientistas,” Lucas havia acrescentado. “Para estudar o universo e ajudar outros a entendê-lo.”
O professor Rodríguez havia sorrido, com olhos que brilhavam com algo que poderia ter sido lágrimas.
“Sabem de uma coisa, garotos? Acho que vocês vão. Se alguém pode, são vocês.”
Seus pais, embora não tivessem tido a oportunidade de estudar além da escola primária devido às necessidades econômicas de suas próprias famílias, apoiavam completamente as aspirações de seus filhos.
“Não pudemos ir à universidade,” seu pai lhes dizia enquanto jantavam ao redor da pequena mesa da cozinha. “Mas vocês podem. Vocês irão. E quando chegarem lá, estudarão tudo o que puderem, aprenderão tudo o que quiserem, e se tornarão o que sonham ser.”
“Mesmo sendo pobres?” Lucas havia perguntado uma vez, com a honestidade brutal de uma criança.
Sua mãe havia tomado sua mão com ternura.
“Filho, ser pobre só significa que não temos muito dinheiro. Mas temos algo muito mais valioso: temos cérebros que funcionam, corações que sonham, e mãos dispostas a trabalhar. Com isso, podem conseguir qualquer coisa.”
E os gêmeos acreditavam. Porque toda noite, quando se deitavam em suas camas gêmeas no quarto que compartilhavam—um quarto tão pequeno que mal cabiam suas camas, uma escrivaninha compartilhada, e uma estante com seus livros preciosos—olhavam pela janela em direção ao céu noturno.
E sonhavam.
A Noite do Sonho Compartilhado
Era uma noite de sexta-feira como qualquer outra. Os gêmeos haviam terminado suas tarefas, jantado com seus pais, e se preparado para dormir. Seu pai havia entrado em seu quarto como sempre, sentando-se na beira da cama de Mateo enquanto sua mãe se sentava na de Lucas.
“Boa noite, meus exploradores do espaço,” seu pai havia dito com carinho, arrumando os cobertores ao redor de Mateo.
“Que sonhem com as estrelas,” sua mãe havia acrescentado, beijando a testa de Lucas.
“Pai,” Mateo havia perguntado, “você acha que algum dia realmente iremos ao espaço?”
Seu pai havia feito uma pausa, considerando a pergunta com a seriedade que merecia.
“Sabe o que eu acho? Acho que se continuarem estudando tão duro quanto fazem agora, se nunca pararem de fazer perguntas, se nunca perderem essa curiosidade que os torna especiais… então sim. Absolutamente sim.”
“Mesmo sendo apenas crianças de uma cidade pequena?” Lucas havia acrescentado.
“Especialmente porque são crianças de uma cidade pequena,” sua mãe havia respondido. “Porque sabem o que é trabalhar pelo que querem. Porque não dão nada por garantido. Porque apreciam cada livro, cada oportunidade, cada momento de aprendizado.”
Depois que seus pais se retiraram, apagando a luz mas deixando a porta entreaberta como eles gostavam, os gêmeos ficaram acordados mais um pouco, como sempre faziam.
“Mateo,” Lucas sussurrou na escuridão, “você acredita em sonhos que predizem o futuro?”
“O que você quer dizer?”
“Como… se você sonha algo muito claramente, você acha que poderia ser um sinal de que vai acontecer de verdade?”
Mateo pensou nisso por um momento.
“Não sei. Mas gosto de pensar que sim. Gosto de pensar que quando sonhamos com o espaço, o universo de alguma forma sabe, e está nos preparando para chegar lá algum dia.”
“Seria bonito,” Lucas murmurou, já com sono.
“Sim,” Mateo concordou. “Boa noite, Lucas.”
“Boa noite, Mateo.”
E adormeceram, sem saber que esta noite seria diferente de todas as outras.
O Sonho
Mateo não tinha certeza de quando exatamente havia adormecido. Um momento estava acordado, olhando as sombras que a luz da rua projetava no teto, e no seguinte estava… em outro lugar.
Não, não em outro lugar. No mesmo lugar, mas diferente. Mais brilhante. Mais real, de alguma forma, embora soubesse que estava sonhando.
Encontrou-se de pé em seu quarto, mas Lucas estava acordado também, olhando para ele com olhos muito abertos.
“Você sente?” Lucas perguntou, e sua voz soava clara e real.
“Sim,” Mateo respondeu, embora não tivesse certeza do que exatamente sentia. Só sabia que algo extraordinário estava prestes a acontecer.
De repente, sem transição, estavam em um carro. Não seu carro familiar—um muito maior e mais confortável. Seus pais estavam nos assentos da frente, sorrindo. E ao lado deles estava o professor Rodríguez.
“Prontos, garotos?” seu pai perguntava, olhando para eles pelo espelho retrovisor.
“Prontos para quê?” Mateo perguntou, embora parte dele já soubesse.
“Para realizar seu sonho,” sua mãe respondeu com um sorriso misterioso.
A paisagem fora das janelas mudou com essa lógica fluida dos sonhos. Um momento estavam em ruas familiares, e no seguinte estavam se aproximando de uma instalação enorme—torres gigantes, prédios brancos brilhantes, e no centro, majestoso e impossível, um foguete espacial apontando para o céu.
“É… é Cabo Canaveral,” Lucas sussurrou, reconhecendo o lugar das fotos em seus livros.
“Ou algo assim,” Mateo acrescentou, porque embora se parecesse com as fotos, também era maior, mais impressionante, mais real do que qualquer fotografia poderia capturar.
Saíram do carro em um estacionamento enorme. Ao redor deles, havia cientistas e engenheiros em jalecos brancos, caminhões transportando equipamentos, telas gigantes mostrando contagens regressivas e trajetórias de voo. O ar vibrava com antecipação e energia.
“É ainda mais incrível do que imaginei,” disse Mateo, girando em círculos tentando ver tudo de uma vez.
O professor Rodríguez os guiou para frente, sorrindo diante de seu assombro evidente.
“Chegamos na hora certa,” disse. “O lançamento é em uma hora.”
Ele os levou a uma plataforma de observação onde havia dezenas de pessoas—outras famílias, jornalistas, oficiais importantes. Todos olhavam para o foguete à distância, comentando empolgados sobre a missão.
Os gêmeos ficaram na grade, com as mãos apertadas contra o metal frio, incapazes de tirar os olhos do foguete.
“É lindo,” Lucas murmurou.
“É perfeito,” Mateo acrescentou.
Ficaram lá durante o que pareceu uma eternidade e apenas um momento. E então, alguém se aproximou por trás deles.
“Olá, jovens. Primeira vez em um lançamento?”
Viraram-se para encontrar um homem alto em um traje de voo laranja brilhante—um astronauta de verdade, com patches de missões em sua manga e um sorriso gentil em seu rosto curtido pela experiência.
“S-sim, senhor,” Mateo gaguejou.
“Estamos sonhando com isso a vida toda,” Lucas acrescentou com mais confiança.
O astronauta se ajoelhou para ficar em sua altura, estudando seus rostos com interesse genuíno.
“É mesmo? Me contem mais.”
E assim, sob o céu que começava a se encher de estrelas, os gêmeos lhe contaram tudo. Sobre os livros na biblioteca, sobre seus cadernos cheios de desenhos, sobre seu sonho de algum dia se tornarem cientistas e astronautas. Falaram com tal paixão e conhecimento que o astronauta—cujo nome, descobriram, era Capitão Torres—escutava completamente fascinado.
“Sabem de uma coisa,” disse finalmente, “acho que vocês pertencem lá em cima tanto quanto eu. E tenho uma ideia meio louca. Querem vir comigo?”
Os gêmeos se olharam, com olhos enormes de incredulidade.
“Vir… no foguete?” Mateo perguntou, mal conseguindo formar as palavras.
“No foguete,” o Capitão Torres confirmou. “Temos dois assentos extras nesta missão, e não conheço ninguém mais merecedor que vocês dois.”
Tudo aconteceu muito rápido depois disso. Houve formulários que seus pais assinaram sorrindo, embora Mateo tivesse bastante certeza de que os formulários diziam coisas impossíveis. Houve trajes espaciais que de alguma forma ficavam perfeitos neles. Houve orientações rápidas de outros astronautas—a Doutora Chen, o Engenheiro Ruiz, o Comandante Morrison—todos dando as boas-vindas como se fossem colegas em vez de crianças de onze anos.
E então, antes que pudessem processar completamente, estavam subindo no foguete.
O interior era ao mesmo tempo exatamente como haviam imaginado e completamente diferente. Havia telas por todo lugar mostrando dados que mal podiam ler mas que reconheciam de seus livros. Havia centenas de botões e interruptores, cada um com um propósito preciso. Havia janelas—pequenas mas perfeitamente claras—que por enquanto só mostravam o céu escurecendo.
Foram amarrados em seus assentos, e o Capitão Torres lhes explicou cada passo do procedimento de lançamento. Os gêmeos escutavam avidamente, absorvendo cada palavra como esponjas.
“Cinco minutos,” uma voz anunciou pelos alto-falantes.
O coração de Mateo batia tão forte que podia escutá-lo em seus ouvidos. Olhou para Lucas, que estava no assento ao lado do seu, e viu seu próprio assombro e emoção refletidos nos olhos de seu irmão.
“Você consegue acreditar que isso está acontecendo?” Lucas sussurrou.
“Não,” Mateo respondeu honestamente. “Mas também não quero acordar.”
A contagem regressiva começou. Dez, nove, oito…
Os motores rugiram à vida, um som tão profundo e poderoso que sentiram em seus ossos.
Três, dois, um…
Ignição!
E então, estavam voando.
Não, não voando—estavam sendo lançados, empurrados, propelidos para cima com uma força que os pressionava contra seus assentos. Olharam pelas janelas e viram a Terra se afastando—primeiro os prédios, depois as cidades, depois continentes inteiros se tornando visíveis à medida que ascendiam cada vez mais alto.
Mateo sentiu lágrimas correndo por suas bochechas, mas não de medo. De alegria pura, de assombro absoluto.
Lucas estava rindo, um som de deleite que borbulhava da parte mais profunda de seu ser.
E então, quando os motores se desligaram e a gravidade os liberou, flutuaram.
Flutuaram.
Era a sensação mais estranha e mais maravilhosa que jamais haviam experimentado. Seus corpos não tinham peso. Objetos soltos—canetas, tablets, até gotas de água—flutuavam ao redor deles como se estivessem em um aquário mágico.
“Bem-vindos ao espaço, garotos,” disse a Doutora Chen com um sorriso. “O que acham?”
Mas os gêmeos não podiam responder. Estavam pressionando seus rostos contra as janelas, olhando para fora com reverência silenciosa.
A Terra.
Seu lar, visto do espaço.
Era um orbe azul e branco suspenso no vazio negro, tão bonito que doía olhar para ele. Podiam ver nuvens arremolinando-se sobre oceanos, continentes delineados por costas, luzes de cidades começando a brilhar onde a noite estava caindo.
“É… é…” Mateo não conseguia encontrar palavras.
“Perfeita,” Lucas completou.
Viajaram durante o que pareceu horas, embora o tempo nos sonhos seja estranho e fluido. Os astronautas lhes ensinavam tudo—como comer em gravidade zero, como se mover sem se empurrar acidentalmente em direções erradas, como usar os instrumentos para observar estrelas e planetas.
Deram-lhes livros e manuais, documentos técnicos e atlas estelares. Os gêmeos os devoravam, fazendo perguntas, tomando notas mentais de tudo o que viam e aprendiam.
Seus pais flutuavam por perto, observando-os com orgulho que era quase tangível.
“Olhem nossos filhos,” dizia sua mãe, limpando lágrimas de alegria. “Estão exatamente onde devem estar.”
Finalmente, depois do que poderia ter sido dias ou minutos, o Capitão Torres anunciou:
“Estamos nos aproximando de nosso destino. Preparem-se para a descida.”
Através das janelas, viram um planeta se aproximando. Não era a Terra—era menor, com tons avermelhados e dourados, com formações rochosas que se elevavam como agulhas em direção a seu céu rosa pálido.
O foguete desceu suavemente, usando propulsores para controlar a descida. Tocaram o solo com mal um solavanco, e então escutaram o som da escotilha se abrindo.
“É seguro,” disse o Engenheiro Ruiz. “A atmosfera é respirável aqui. Um dos poucos planetas nesta galáxia onde podem caminhar sem capacete.”
Desceram pela rampa, e Mateo foi o primeiro a pôr o pé em solo alienígena.
O chão era sólido mas macio, quase esponjoso, como caminhar sobre areia compactada. O céu sobre eles era um tom de rosa que não existia na Terra, atravessado por duas luas gêmeas—uma grande e branca, a outra menor e azulada.
“É… incrível,” Lucas sussurrou, parado ao lado de seu irmão.
E então, à distância, viram movimento.
Figuras emergindo de trás de formações rochosas. Caminhavam eretas como humanos mas eram diferentes—mais altas, mais magras, com pele que brilhava suavemente com tons iridescentes que mudavam à medida que se moviam.
Mateo sentiu seu coração acelerar, mas o Capitão Torres pôs uma mão tranquilizadora em seu ombro.
“Não tenham medo. São amigáveis. Só vêm nos dar as boas-vindas.”
As criaturas se aproximaram, e quando estavam perto o suficiente, uma delas—a que parecia ser a líder—estendeu algo que se parecia com uma mão mas com dedos mais longos e elegantes.
O Capitão Torres tomou a mão em um aperto formal, e então o ser se voltou para os gêmeos.
Mateo e Lucas estenderam suas mãos simultaneamente. O ser tomou primeiro a mão de Mateo, depois a de Lucas, e quando o fez, os gêmeos escutaram uma voz em suas mentes—não exatamente palavras, mas pensamentos, sentimentos, boas-vindas.
“Bem-vindos, pequenos sonhadores. Estamos esperando por vocês.”
“Esperando por nós?” Mateo pensou, e de alguma forma o ser pareceu escutar seu pensamento.
“Aqueles que sonham com as estrelas eventualmente as alcançam. Sabíamos desde que começaram a olhar para cima.”
Caminharam juntos—humanos e alienígenas—através da paisagem estranha e bonita. Os gêmeos recolhiam pedras preciosas que brilhavam com luz interior, cristais que refratavam a luz de maneiras impossíveis. Guardavam-nos em seus bolsos, sabendo que estes seriam as memórias mais preciosas de todas.
O ser líder os guiou a uma formação rochosa alta, e do topo, podiam ver a paisagem inteira se estendendo diante deles—vales e montanhas, rios de algo que não era exatamente água mas fluía como ela, florestas de árvores que cresciam em espirais em vez de retas.
“Seu planeta é lindo,” Lucas pensou em direção ao ser.
“E o de vocês também,” veio a resposta. “Todos os mundos são bonitos quando os olhamos com olhos que realmente veem.”
Passaram o que se sentiu como horas explorando, aprendendo, se maravilhando. Os seres lhes mostraram sua tecnologia—cristais que armazenavam informação, máquinas que funcionavam com luz estelar, estruturas que cresciam em vez de serem construídas.
Mas eventualmente, o Capitão Torres lhes disse:
“Garotos, precisamos voltar ao foguete. Precisamos comer algo, descansar. Amanhã poderão explorar mais.”
Relutantemente, os gêmeos se despediram de seus novos amigos alienígenas, prometendo retornar no dia seguinte.
De volta ao foguete, comeram comida espacial que era surpreendentemente saborosa, flutuaram em compartimentos de descanso que pareciam sacos de dormir suspensos no ar.
“Boa noite, exploradores,” disse seu pai, acomodando-os tal como fazia em casa.
“Que sonhem com as estrelas,” sua mãe acrescentou.
Mas já estavam entre as estrelas.
Mateo sentiu seus olhos se fechando, exausto por toda a emoção. Escutou Lucas bocejar no compartimento ao lado do seu.
E enquanto adormecia—sonhando dentro de um sonho—pensou que nunca havia sido mais feliz em toda sua vida.
O Despertar
“Mateo! Lucas! Hora de levantar!”
A voz de sua mãe penetrou as camadas do sono como um raio de luz através da água.
Mateo abriu os olhos lentamente, esperando ver o interior do foguete, as telas piscando, a Terra visível através de janelas pequenas.
Em vez disso, viu o teto familiar de seu quarto.
Sentou-se bruscamente, desorientado, com o coração acelerando.
“O quê…?”
Na cama ao lado da sua, Lucas estava fazendo exatamente a mesma coisa, sentando-se com olhos confusos e cabelo desarrumado.
Olharam-se um para o outro.
“Você sonhou…” Mateo começou.
“O foguete,” Lucas completou. “E o planeta. E os seres.”
“Eu também!” Mateo exclamou.
Mas antes que pudessem continuar, sua mãe entrou no quarto com um sorriso.
“Bom dia, dorminhocos. Por que estão tão empolgados? Pensei que teria que puxá-los para tirá-los da cama.”
Os gêmeos se olharam novamente, comunicando-se naquela linguagem silenciosa que só os gêmeos realmente entendem.
“Mãe,” Mateo disse lentamente, “tive um sonho incrível.”
“Ah é?” sua mãe sentou-se na beira da cama de Lucas. “Me conte durante o café da manhã. Mas apressem-se, ou chegarão atrasados na escola.”
Quinze minutos depois, estavam sentados ao redor da mesa da cozinha. Seu pai já estava lá, tomando café antes de ir trabalhar. Os gêmeos comiam cereal mecanicamente, ainda processando o que havia acontecido.
“Então,” disse sua mãe, servindo suco, “qual era esse sonho tão incrível?”
Mateo respirou fundo e começou a contar. Falou do foguete, do lançamento, do espaço. Descreveu a gravidade zero, a vista da Terra de cima, o planeta estranho com seu céu rosa e suas duas luas.
Seus pais escutavam com atenção, sorrindo diante de seu entusiasmo.
“Conhecemos seres de outro planeta,” Mateo continuou. “Eram altos e brilhantes, e podiam falar com nossas mentes. Nos mostraram seu mundo, e recolhemos pedras preciosas, e foi… foi a coisa mais incrível que já experimentei.”
Terminou, sem fôlego, com olhos brilhantes da memória do sonho.
Houve um momento de silêncio.
E então Lucas disse calmamente:
“Eu tive exatamente o mesmo sonho.”
Todos na mesa congelaram.
“O quê?” sua mãe olhou entre os dois.
“Cada detalhe,” Lucas disse. “O Capitão Torres. A Doutora Chen. O planeta com o céu rosa. Os seres que falavam com nossas mentes. As pedras preciosas. Tudo. Exatamente o mesmo.”
Os pais se olharam com uma mistura de assombro e algo que poderia ter sido leve temor.
“Isso é… muito incomum,” seu pai disse lentamente.
“Gêmeos às vezes têm conexões especiais,” sua mãe acrescentou, “mas sonhar exatamente a mesma coisa…”
“É um sinal,” Lucas interrompeu com convicção repentina. “Tem que ser.”
“Um sinal de quê?” seu pai perguntou.
“De que estamos destinados a fazê-lo,” Mateo disse, entendendo exatamente o que seu irmão queria dizer. “Destinados a ser astronautas. A viajar ao espaço. A explorar as estrelas.”
Seus pais ficaram em silêncio por um longo momento.
Então, seu pai largou sua xícara de café e se inclinou para frente, olhando seriamente para seus filhos.
“Sabem de uma coisa, garotos? Acho que vocês estão certos. Não sei se foi só um sonho, ou algo mais. Mas sei isto: têm o talento, têm a paixão, e têm a dedicação. Se continuarem estudando tão duro quanto fazem agora, se nunca pararem de fazer perguntas, se trabalharem por isso todos os dias…”
“Então sim, um dia irão ao espaço,” sua mãe completou. “Talvez não da maneira exata que sonharam. Talvez não tão cedo. Mas chegarão lá. Se Deus quiser e se vocês trabalharem por isso, chegarão.”
“Vamos,” Mateo prometeu com uma determinação que seus pais nunca haviam escutado antes em sua voz.
“Estudaremos mais do que nunca,” Lucas acrescentou. “Aprenderemos tudo o que pudermos. Não os decepcionaremos.”
Seu pai se levantou e rodeou a mesa, pondo uma mão no ombro de cada gêmeo.
“Não poderiam nos decepcionar mesmo se tentassem. Já nos fazem orgulhosos todos os dias. E agora… agora vão e preparem-se para a escola. Têm conhecimento para adquirir, universos para explorar.”
Os gêmeos correram para se preparar, ainda falando empolgados entre si sobre cada detalhe do sonho, verificando que realmente haviam sonhado exatamente a mesma coisa.
E enquanto saíam correndo, seus pais ficaram sentados na cozinha, olhando-se com assombro.
“Você acha que realmente pode ser um sinal?” sua mãe perguntou em voz baixa.
Seu pai refletiu sobre isso.
“Não sei sobre sinais. Mas sei isto: vi muitas crianças perderem seus sonhos à medida que crescem. A vida as golpeia, as dificuldades as desanimam, e gradualmente param de acreditar que o impossível é possível. Mas nossos filhos… eles têm algo especial. E se este sonho—real ou não—lhes dá ainda mais razão para acreditar, ainda mais motivação para trabalhar duro… então acho que é uma bênção, não importa de onde veio.”
Sua mãe assentiu, limpando lágrimas que não sabia que estavam caindo.
“Vão fazer isso, não vão? Vão chegar às estrelas.”
“Sim,” seu pai disse com certeza absoluta. “Acho que sim.”
A Viagem de Anos
E ele estava certo.
Os anos passaram. Mateo e Lucas continuaram sendo estudantes excepcionais, mas agora com um propósito ainda mais definido. Cada aula, cada livro, cada exame era um passo a mais no caminho em direção às estrelas.
No ensino médio, se destacaram em matemática e física. Passavam horas depois da aula com o professor Rodríguez, que felizmente lhes dava problemas cada vez mais complexos, deleitando-se em ver como suas mentes jovens abordavam desafios que fariam muitos adultos recuarem.
Ganharam bolsas—primeiro pequenas, para acampamentos de ciência durante o verão. Depois maiores, para programas especiais em universidades. Seus pais, embora não pudessem contribuir muito financeiramente, os apoiavam de todas as formas possíveis—garantindo que tivessem tempo para estudar, celebrando cada conquista, consolando-os durante as inevitáveis decepções.
Aos dezoito anos, ambos receberam bolsas completas para uma das melhores universidades do país, com programas de astrofísica de classe mundial.
O dia em que foram para a universidade, seus pais os levaram à estação de ônibus. Sua mãe havia empacotado almoços para a viagem. Seu pai havia dado a cada um deles um pequeno telescópio que havia estado economizando durante meses para comprar.
“Lembrem-se,” disse sua mãe, abraçando-os com força, “não importa quão longe vão, quão alto voem, sempre terão um lar aqui.”
“E lembrem-se daquele sonho,” seu pai acrescentou. “O que compartilharam naquela noite. Deixem que os guie. Porque embora fosse um sonho, o sentimento era real. A possibilidade é real.”
Na universidade, os gêmeos floresceram. Especializaram-se em astrofísica, fazendo cursos adicionais em engenharia aeroespacial, geologia planetária, astrobiologia. Dormiam pouco, estudavam constantemente, mas amavam cada minuto.
Destacaram-se tanto que foram convidados para programas de pesquisa de pós-graduação acelerados. Publicaram artigos em revistas científicas quando tinham apenas vinte e três anos. Foram selecionados para estágios em agências espaciais.
E então, quando tinham vinte e seis anos, receberam as cartas que haviam estado esperando a vida toda.
Ambos—os dois juntos, como se o universo soubesse que não poderia separar gêmeos que haviam sonhado juntos—foram aceitos no programa de treinamento de astronautas.
Ligaram para seus pais chorando de alegria.
“Conseguimos,” Mateo soluçou no telefone. “Vamos ser astronautas.”
“Sabíamos que conseguiriam,” seu pai respondeu, com voz quebrada pela emoção. “Desde aquela manhã quando nos contaram seu sonho, sabíamos.”
O treinamento foi brutal—fisicamente exigente, mentalmente exaustivo, emocionalmente desafiador. Mas haviam estado se preparando para isso durante quinze anos. Não iam desistir agora.
Dois anos depois, se formaram. Oficialmente astronautas. Doutores em astrofísica. Prontos para as missões que viriam.
Sua primeira missão chegou quando tinham vinte e nove anos.
Uma missão de pesquisa à Estação Espacial Internacional. Duração: seis meses. E—em uma reviravolta que parecia perfeita demais para ser coincidência—ambos os gêmeos estavam na tripulação.
O Círculo Completo
O dia do lançamento amanheceu claro e perfeito.
Seus pais estavam lá, é claro. Mais velhos agora, com mais cabelos grisalhos e mais rugas, mas com os mesmos olhos brilhantes de orgulho que sempre haviam tido.
O professor Rodríguez também estava lá, aposentado agora mas tendo viajado de sua cidade pequena para ver seus estudantes favoritos alcançarem as estrelas.
Mateo e Lucas vestiram seus trajes espaciais—laranja brilhante, exatamente como em seu sonho compartilhado de dezoito anos atrás.
Abraçaram seus pais uma última vez antes de se dirigirem ao foguete.
“Nós os amamos,” sua mãe disse. “Sempre os amaremos. Agora vão e façam o que nasceram para fazer.”
O foguete era ainda mais impressionante que em seu sonho. Maior, mais complexo, mais real.
Enquanto subiam a rampa, Lucas se virou para Mateo.
“Você se lembra do sonho?”
“Cada detalhe,” Mateo respondeu.
“Você acha que… que foi só um sonho?”
Mateo pensou nisso enquanto entravam no foguete, enquanto eram amarrados em seus assentos, enquanto observavam os procedimentos de verificação sendo realizados ao redor deles.
“Não sei,” disse finalmente. “Mas sei isto: sonho ou não, nos mostrou o que era possível. Nos deu uma razão para acreditar. E agora estamos aqui, prestes a tornar esse sonho realidade.”
A contagem regressiva começou.
Dez, nove, oito…
Os gêmeos seguraram as mãos através do espaço entre seus assentos, como haviam feito mil vezes quando crianças quando estavam com medo ou empolgados ou simplesmente precisavam lembrar que não estavam sozinhos.
Três, dois, um…
Ignição.
E voaram.
A força de aceleração os pressionou contra seus assentos, mas desta vez Mateo não chorou de alegria. Desta vez, sorriu—um sorriso tranquilo de satisfação, de voltar para casa, de um sonho finalmente realizado.
Quando alcançaram órbita e a gravidade os liberou, flutuaram exatamente como haviam em seu sonho.
E quando olharam pelas janelas e viram a Terra—seu lar, seu planeta, brilhando azul e branco e perfeito contra o vazio negro do espaço—Lucas disse calmamente:
“É exatamente como eu sonhei.”
“Não,” Mateo corrigiu. “É melhor. Porque desta vez é real.”
Passaram seis meses no espaço. Realizaram experimentos, repararam equipamentos, coletaram dados que ajudariam futuras missões. Olharam as estrelas não como crianças sonhadoras mas como cientistas, como exploradores, como os astronautas que sempre haviam sonhado ser.
E quando finalmente retornaram à Terra, quando tiraram os capacetes e respiraram ar terrestre pela primeira vez em meio ano, seus pais estavam lá esperando por eles.
Abraçaram-nos—mais longos, mais fortes que nunca.
“Vocês conseguiram,” sua mãe sussurrou. “Realmente conseguiram.”
“Claro que conseguimos,” Lucas disse. “Prometemos a nós mesmos quando tínhamos onze anos.”
“E gêmeos nunca quebram promessas,” Mateo acrescentou.
Naquela noite, na casa de seus pais—a mesma casa pequena onde haviam crescido, embora agora parecesse ainda menor depois de meses na vastidão do espaço—os quatro sentaram-se ao redor da mesa da cozinha.
E os gêmeos contaram histórias sobre o espaço, sobre flutuar em gravidade zero, sobre ver amanheceres da órbita, sobre olhar para baixo para a Terra e ver sua cidade pequena perdida na imensidão do planeta.
Seus pais escutavam, rindo e chorando e fazendo perguntas, maravilhando-se com o caminho que seus filhos haviam percorrido daquele quarto compartilhado com seus livros e pôsteres de estrelas.
“Vocês se lembram daquele sonho que tiveram?” seu pai perguntou eventualmente. “O que compartilharam quando tinham onze anos?”
“Cada detalhe,” os gêmeos responderam em uníssono, como frequentemente faziam.
“Alguma vez descobriram se foi só um sonho?” sua mãe perguntou. “Ou algo mais?”
Mateo e Lucas trocaram um olhar.
“Sabe de uma coisa?” Mateo disse lentamente. “Não importa. Sonho, visão, coincidência, destino… não importa o que foi. O que importa é o que fizemos com ele.”
“Nos deu algo em que acreditar,” Lucas acrescentou. “Nos deu um objetivo. E então trabalhamos todos os dias durante dezoito anos para torná-lo real.”
“Essa é a verdadeira mágica,” seu pai disse, com olhos úmidos de lágrimas de orgulho. “Não o sonho em si, mas o que fizeram com ele.”
E ele estava certo.
Porque no final, Mateo e Lucas não alcançaram as estrelas porque compartilharam um sonho mágico uma noite quando tinham onze anos.
Alcançaram as estrelas porque acreditaram naquele sonho o suficiente para trabalhar por ele. Porque estudaram quando outros brincavam. Porque perseveraram quando outros desistiram. Porque nunca, nem uma vez, pararam de olhar para cima e se perguntar o que poderia ser possível.
O sonho havia mostrado o caminho.
Mas foram seus próprios pés—e mentes, e corações, e determinação inabalável—que caminharam esse caminho até o fim.
E agora, quando crianças pequenas em sua cidade natal olhavam as estrelas e sonhavam com o espaço, seus pais lhes contavam sobre Mateo e Lucas.
Os gêmeos da cidade pequena que sonharam com as estrelas.
E então as alcançaram.
A Lição: Os sonhos são o começo da viagem, não o fim. Um sonho, não importa quão mágico ou inspirador, é apenas o primeiro passo. O que vem depois—o estudo dedicado, o trabalho duro, a perseverança diante das dificuldades, a fé inabalável na possibilidade—é isso que transforma sonhos em realidade. As estrelas não estão reservadas para os sortudos ou os privilegiados. Estão esperando por qualquer um que esteja disposto a trabalhar duro o suficiente para alcançá-las.